Mas é aí que mora a diferença: não é só sobre o que se faz — é sobre como se faz. E a forma como a atual gestão tem conduzido as mudanças tem deixado marcas. O tratamento truculento dado aos ambulantes na Praia do Forte e o aumento da taxa do ônibus de turismo, feito sem escuta ou consenso com hoteleiros e moradores, escancaram a ausência de empatia e de construção democrática.
O carnaval realmente foi mega, com muita estrutura e valorização de atrações locais. Teve como slogan, por parte da equipe do governo, ser o maior da história da cidade. De fato, Cabo Frio amargou muitos carnavais com pouca estrutura, organização frágil e quase nenhuma estratégia de divulgação, limpeza ou ordenamento. Mas, diante de um decreto de Calamidade Pública — instaurado pelo próprio prefeito — não cabia, em nenhuma hipótese, um investimento que, segundo empresários do ramo de eventos da cidade, chegou à casa dos 5 milhões de reais. Há prioridades que não podem ser ignoradas.
A imprensa que hoje exalta cada passo da gestão já se calou diante de erros graves em outros governos. Em muitos momentos, fomentou instabilidade política com fake news, perseguições e embates judiciais que só atrasaram o progresso da cidade. Hoje, segue afinada com o tom que o maestro do poder dita, abrindo mão da crítica e da imparcialidade.
As eleições acabaram. É hora de governar para todos – não apenas para aliados. Mas o que se vê é uma gestão que parece movida por revanche, orientada por vozes que alimentam o sangue nos olhos, quando deveria haver escuta, empatia e responsabilidade pública. Cabo Frio precisa de firmeza, sim – mas com humanidade. É possível ordenar sem oprimir, transformar sem excluir, liderar sem impor.